sexta-feira, 23 de maio de 2008

CAPÃO DA IMBUIA - Superlotação incomoda usuários do transporte coletivo


Alethea Correa

Curitiba possui aproximadamente 3,5 milhões de habitantes, sendo que dois milhões são usuários do sistema de transporte coletivo. Embora a cidade possua um sistema elogiado no mundo todo, por ter um sistema integrado, que permite o usuário pagar uma passagem e se deslocar por várias linhas de ônibus pelos bairros e pelas regiões metropolitanas, as reclamações e críticas de superlotação ainda incomoda os usuários . Desde a década de 1970 têm sido feitas importantes intervenções para construir, manter e ampliar um projeto de transporte público que atenda toda a cidade.

No entanto, o “modelo de transporte” não supre a demanda dos usuários. A superlotação tem sido motivo de muitas reclamações de quem precisa passar pelos terminais de ônibus.
Os números dos sistemas de transporte fornecidos pela prefeitura não permitem uma análise detalhada do sistema por parte do cidadão comum. São feitas aproximadamente 26 mil viagens por dia. O que contabiliza 89 passageiros por viagem. Um ônibus comum tem capacidade para 80 passageiros (lotação máxima, que muitas vezes é ultrapassada), um biarticulado tem capacidade para 270 passageiros, que no horário do “pico” também é ultrapassado.

No terminal de ônibus Capão da Imbuia quando se aproxima o horário das 18h30 o volume de passageiros dobra no local. “É muita gente, quase não consigo administrar a entrada dos passageiros no terminal. Só nesta roleta passam mais ou menos três mil pessoas”, comenta o cobrador Everaldo Weber.

O terminal do Capão da Imbuia integra o biarticulado Pinhais Campo Comprido, o ligeirinho Inter II, horário e anti-horário, o biarticulado Pinhais Rui Barbosa, o Centenário e os alimentadores Vicente de Carvalho, Araguaia, Capão da Imbuia Maracanã e o Avenida Irai. Além dos três mil passageiros que entram no terminal, há pessoas que fazem conexão com outras linhas.
Neuza Maria Ferreira mora em Piraquara e passa todos os dias pelo terminal. “Para voltar para minha casa, às vezes eu tenho vontade de esperar uma hora, até diminuir o movimento. Venho do centro, desço no terminal e pego o biarticulado que vai até Pinhais, e lá pego o ônibus que vai até Piraquara. Na hora de eu sair do ônibus é um sufoco. Eu só não entendo o porquê de não colocarem mais ônibus” disse.

O motorista do biarticulado Centenário, Roberto Carlos da Silva, comenta que durante seu itinerário há muitas reclamações dentro do ônibus. “ As pessoas ficam espremidas de um jeito fora do normal, isso acontece todos os dias. E sempre ouço criticas dos passageiros, indignados, querendo mais linhas de ônibus”, explica.
Luiz Filla é responsável pela Área de Operação do Transporte Coletivo da Urbs (empresa que gerencia o transporte coletivo em Curitiba) e afirma que os critérios técnicos pré-definidos, consideram a ocupação plena dos ônibus nos horários de pico, com passageiros sentados e mais seis por m2 em pé. “ Periodicamente, realizamos pesquisas comparativas entre a oferta e a demanda, em um período mínimo de uma hora, para evitar ainda mais a concentração de deslocamentos e, sempre que necessário, a linha é readequada. Consideramos superlotação apenas quando se observa extrapolações ao critério anteriormente descrito. De acordo com as atividades de rotina, no eixo Leste novas avaliações estão sendo realizadas para readequação, se necessário”, explica.
Algumas ações são mais amplas, como a implantação da Linha Verde. Já estão sendo providenciadas e vai absorver 30% dos usuários do eixo Sul .
Além da Linha Verde está em obras o ligeirão Boqueirão também já está em vias de viabilização. Na região Leste, está prevista a construção do novo terminal do Capão da Imbuia e continuidade das obras da Linha Verde em direção ao Terminal Maracanã. De acordo com o Filla a frota operante das linhas de transporte coletivo aumenta gradativamente. “Em 2005 tínhamos 1.829 e hoje temos 1.875 ônibus rodando na RIT (Rede Integrada de Transporte). A taxa de ocupação nos ônibus nos horários de pico com a mesma frota pode ser otimizada com um melhor escalonamento de horários, que refletirá também no trânsito. Esta é uma responsabilidade que teremos de compartilhar com os demais segmentos da sociedade. As universidades são um bom exemplo disto. Por melhor que seja a infra-estrutura, os acessos e entornos são complicados principalmente no horário de início da primeira aula. Uma variação entre os cursos já ajudaria”.

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