sexta-feira, 23 de maio de 2008

CLIMA - Frio que arrepia o pêlo

Dennis Julian Chyla

A necessidade de emprego às vezes leva o trabalhador a uma única opção: trabalhar à noite. Pesquisas mostram que o ofício noturno é prejudicial à saúde. Apesar disso, milhões de brasileiros atravessam noites e trabalham ao ar livre, expostos às intempéries. A situação fica mais difícil quando está frio e a madrugada registra temperaturas próximas a zero grau Celsius.

Zacarias Aparecido, 62 anos, é vigia noturno. Trabalha à noite há 30 anos. Ele diz que já se acostumou e que na sua vida já sentiu invernos congelantes. “Morei em Guarapuava 20 anos e trabalhava como vigia de um bairro. O frio era tanto que não tinha como se proteger”. Ele conta que em Curitiba já fez mais frio e que antigamente as roupas não eram adequadas. “O nosso uniforme é melhor e quem trabalha como eu ainda tem as guaritas”.

O carrinheiro Gláucio “Jiba”, 27 anos, percorre duas vezes por semana boa parte do bairro Cajuru à noite. Ele recolhe o lixo reciclável antes do caminhão da prefeitura. “Pode fazer o frio que for, que eu não sinto. O pior é chover”. O exercício aquece o corpo e tira a sensação térmica. “Jiba” disse que já dormiu na rua. “Às vezes é muito frio e só mesmo outras coisas para te esquentar”.

A prefeitura oferece um serviço de resgate social voltado para os desabrigados. São cerca de 180 funcionários que buscam pessoas sem lar e que necessitam de ajuda. Elas são encaminhadas para hospitais em casos mais sérios de saúde, ou para uma das dez unidades de atendimento. Lá recebem alimentação, higienização, tratamento médico básico e podem passar a noite. No inverno cresce 30% o uso dessas unidades.

David Silva, 17 anos, é cuidador de carro. Ele fala que já passou frio. “A minha casa não é muito quente e às vezes falta coberta para todo mundo”. Ele conta que tem seis irmãos, todos mais novos e só um trabalha. “Com o dinheiro dos carros, não dá para comprar roupas e cobertas. Mas de vez em quando a gente ganha de um cliente”.

Com a chegada do frio, algumas ações são promovidas com a intenção de ajudar pessoas como o David. A campanha curitibana Doe Calor recebe e repassa doações de roupas e cobertores para pessoas carentes. Os pontos de coleta estão nos seguintes locais: grupo Wal Mart e supermercados Condor, Imobiliária Apolar, ônibus de transporte coletivo e nos dois mil táxis de Curitiba.

Para esse inverno a previsão do Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar) diz que os meses de maio, junho e julho serão mais úmidos do que nos anos anteriores com precipitação média de 76,5 mm/mês. “É esperado frio, mas principalmente dias nublados, ausência de sol e ventos”, declara o meteorologista Dartanha Soares.

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